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sábado, 23 de julho de 2011

Aonde buscamos o Reino do Senhor - Na terra ou no Céu?

Por Luciano Peixoto





Faz muito tempo que nosso mundo está secularizado, e com isto, nós, cristãos sem perceber nos deixamos influenciar por ele, a maior prova disso é a GRANDE IMPORTÂNCIA que damos aos meios de comunicações. Há cristãos que assistem de forma venerável as novelas, os Reality's Show’s, os programas de auditórios, passando horas e horas vidrados em frente de uma televisão , ouvindo e vendo coisas que aparentemente são “besteiras” ou pura inocência da parte de quem faz – Oh, povo sem maldade! É assim é que o maligno vai agindo e quando nos acordamos queremos seguir Jesus de forma “light”, sem muita exigência, sem muito compromisso, e o pior com os valores do mundo, com a mentalidade do mundo. Quando uma pessoa que se diz cristã chega neste nível de comprometimento com o mundo, o evangelho já foi esquecido, a fé que era do tamanho de um grão de mostarda já foi pisoteada.
O mundo é a moda dessas pessoas e elas correm de forma desesperada em busca da falsa esperança, que se resume em “aproveitar a vida”, adquirir tudo, ser dono de todos, ter poder, dinheiro e bens! Oh doce ilusão, será que é doce? O pecado deturpa tudo, doce por conta da sensação de prazer, mas, depois vem à decepção e o que era doce torna-se amargo.

O Evangelho deste domingo da XVII semana do tempo comum (Mt 13,44-52) continua meditando sobre a série de parábolas do Reino dos Céus. Vejamos alguns trechos da homilia de Mons. José Maria e de Dom Henrique S. da Costa sobre as parábolas do reino.



“(...) O ensinamento de Jesus é particularmente vivo e apto para mover a mente e o coração e, por conseguinte, para levar à ação. Jesus compara o Reino dos Céus “a um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo” (Mt 13,44). Ou ainda, “a um negociante que andava em busca de pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola” (Mt 13, 45-46). Nos dois casos, por duas vezes se fala em vender: vender significa desfazer-se do que é seu. Para possuir o Reino dos Céus as pessoas deverão desfazer-se de si mesmas, dos valores falsos deste mundo, do apego aos bens materiais. Vale apena vender tudo para possuir o tesouro do Reino! O Reino dos Céus – o Evangelho, o cristianismo, a graça, a amizade com Deus – é o tesouro escondido, mas presente no mundo; muitos o têm próximo, mas não o descobrem, ou antes, mesmo descoberto, não sabem dar-lhe o respectivo valor e descuidam-no, preterindo-o ao reino material: aos prazeres, às riquezas e às satisfações de vida terrena (...)”1


“(...) Observem, irmãos, que Jesus nos quer fazer compreender que quem encontra o Reino, sai de si! Encontra o sentido da vida, encontra aquilo por que vale a pena viver. Quem de verdade encontra o Reino, quem o experimenta, muda para sempre sua existência: vai ligeiro, vende tudo, fica cheio de alegria! Encontrar o Reino é encontrar Jesus, e encontrar Jesus de verdade é encontrar a razão de viver, o sentido da existência… é encontrar-se consigo mesmo! Quem encontra o Reino assim, se encontra, parte de si mesmo e vai viver de verdade! Quantos cristãos experimentaram isso, quantos fizeram-se loucos, pareceram loucos, por amor de Cristo! Quantos jogaram fora amores, família, projetos, bens materiais… O que os levou a isso? O que aconteceu com Santo Antão, que vendeu todos os bens e deu aos pobres e foi viver no deserto, sozinho? O que aconteceu com Francisco de Assis? O que aconteceu com a Beata Madre Teresa de Calcutá ou com a Ir. Dulce? O que aconteceu com aquele moço que largou tudo e foi ser religioso, com aquela moça sem juízo que entrou numa comunidade de vida? O que aconteceu com aquele casal, que mudou seu modo de viver, seu círculo de amizade, que deixou suas badalações? O que aconteceu com São Maximiliano Kolbe, que entregou a vida no lugar de um pai de família? Com o Bem-aventurado Anchieta, que deixou sua pátria e se embrenhou no Brasil selvagem para anunciar Cristo aos índios? O que aconteceu com todos esses? Eles descobriram o tesouro, eles encontraram uma pérola de valor imensurável, eles experimentaram a paz, a doçura, a verdade do Reino dos Céus!(...)”


“(...) Escutemos o Apóstolo: “Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde toda eternidade, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho… E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou também os tornou justos, e aos que tornou justos também os glorificou”. (...)”


“(...) Meus caros, estejamos atentos! Quem é mole nas coisas de Deus, quem é pouco generoso no seguimento de Cristo, quem sente como um fardo os apelos do Senhor, não experimentou ainda, não encontrou o tesouro, não viu a pérola de grande valor, não descobriu de verdade o Reino dos Céus! Cristãos cansados, cristãos sem entusiasmo, cristãos pouco generosos, cristãos com uma lógica igual à do mundo são cristãos que nunca – nunca! – experimentaram a paz do Reino, a beleza do Reino, a doçura do Reino, a plenitude do Reino que Jesus nos mostra e nos dá! Atentos, irmãos: pode-se ser cristão e nunca ter experimentado o Reino! Pode-se ser padre ou religioso sem nunca ter descoberto o Reino… Aí, já não há alegria, já não há entusiasmo, já não se corre, se arrasta, se rasteja! O Reino tem pressa, o Reino faz vibrar, o Reino nos impele porque descobrir o Reino e experimentar o amor de Deus em Jesus Cristo! Quantos de nós se entusiasmam com tantas coisas e são tão lerdos quando se trata do Senhor e do seu Reino… Não seríamos nós um desses?(...)”


“(...) Por isso é necessário suplicar, como Salomão, um coração para compreender: “Dá ao teu servo um coração compreensivo – um coração que escute!” No Evangelho de hoje, Jesus termina perguntando: “Compreendeste essas coisas?” (...)”


“(...)Concluamos, agora, com a última, das sete parábolas: O Reino dos Céus é como uma rede jogada no mar deste mundo… Ela apanha todo tipo de peixe – apanhou a mim, a você… Olhem a Igreja, olhem a nossa comunidade: há de tudo! Todo tipo de gente, todo tipo de cristão! Mas, um dia, a rede será puxada para a margem… e os peixes bons serão recolhidos nos cestos do Senhor e os peixes ruins serão lançados fora, para o fogo queimar… Eis como Jesus termina! Prevenindo-nos que é necessário decidir-se pelo Reino, que nossa vida valerá ou não a pena, terá ou não sentido dependendo de nossa atitude em relação ao Reino que ele veio anunciar(...)”2


Façamos da oração da coleta da missa de hoje (XVIII domingo do tempo comum – ano A) a nossa oração e tenhamos coragem e sabedoria para buscarmos os valores do reino do céu.


“Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém, é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam.(...)”


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(1) Trechos retirados da Homilia do Padre José Maria

(2) Trechos retirados da Homilía de Dom Henrique S. da Costa




Um comentário:

  1. Eis o que guardo:
    “(...) Meus caros, estejamos atentos! Quem é mole nas coisas de Deus, quem é pouco generoso no seguimento de Cristo, quem sente como um fardo os apelos do Senhor, não experimentou ainda, não encontrou o tesouro, não viu a pérola de grande valor, não descobriu de verdade o Reino dos Céus!"

    Sábias e sintéticas palavras para mim e para este tempo (julgo).

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